É isto que você é para todos eles:
o cara que cortou a linha
e as indecisões assumiram o seu lugar.
E o que você fez para evitar,
que desejo se escondeu por trás disto...?
Você era da minha turma no colegial e
ficava lá no fundo, nos últimos lugares,
junto aos outros caras que eram como você:
“... planeja ir a natação hoje?”
“... vai ficar lá, sozinho, naquele verde imenso
e uma bola aprendendo a odiar todos os minutos?”
Eles só esperavam de você
Indecisões,
Indecisões e cocaína, você cortou a linha, cara...
Você vê o anúncio de alguns filmes “B” e se interessa em vê-los.
Foi o que você fez da tua vida,
um filme “B” que ninguém mais, a não ser você, quer ver?
O que comprou hoje para o jantar?
Não sabe se quer ir para Búzios
(para onde todos os outros caras estão indo)
e está pensando nisto agora
enquanto prepara spaghetti ao alho e óleo.
Se olha ao espelho e se acha envelhecido e sem a graça
e a calçada lá - cheia de folhas de amendoeira,
vermelhas como se tivessem sido insultadas -
há séculos clamando por ser varrida,
aqui dentro você construindo esses pequenos “nãos”,
E as revistas que você vê na banca de revistas
também não têm as ilustrações necessárias,
não correspondem aos teus desejos de cores,
mas, ainda assim você decide comprá-las,
mas quem decide não é você,
você cortou a linha, cara...
Você cortou a linha e as indecisões assumiram o seu lugar.
Agora, o que você se tornou?
Te respondo: um sujeito, sob a marquise,
na esquina da rua com um realejo,
(diante dos meus olhos você, pouco a pouco,
adquiriu esta forma)
é exatamente assim que te vejo.
(e você ainda está lá com aquela estúpida
caneca de ágate, amarela, e aquele mico
assustado sobre o ombro esquerdo
e aqueles cartões (per)furados com velhas
canções francesas que
ninguém quer mais ouvir)
E estas gotas que caem do céu sobre tua cabeça
te servirão caprichosamente para esconder as lágrimas,
sei disso, mas, sei também que
milhões delas te dirão: “... você esta perdendo,
você cortou a linha, cara...
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