segunda-feira, 16 de julho de 2007

EU E ARTUR, ARTUR E EU

Ao meu pai Artur D’Almeida Silva

É, você agora está no lugar do profissional realmente Artur.

E traz na mão esse petit bouquet de flores pretas, douradas e vermelhas.

(Todos pedaços de duques, ternos, quinas , quadras e senas.

Pedaços de circunstâncias.)

(... os números, um a um

vão adquirindo seus sons.
E ele sabe os trunfos, os ases,

os coringas, isto tudo.

E o brag e o pochen e o poque,

ele sabe isto tudo...)

Eu?

Eu espero pelo meu chocolate quente perfumado

por uma outra flor, vanilina.

Também das rainhas o que é que se manifesta?

E dos reis e damas e valetes?

Imponderável severidade é preciso ter para isto:
desmoronar-me o castelo com duas (ou três) cartas.
E há severidade neste lugar para isto, Artur,
mesmo sendo amigo de pessoas de boa consciência?

Testamentos e heranças apanham para sempre

a criança das prostitutas. Seria você uma delas Artur?
Não, não creio. E também você não me melhora em nada,

nem me torna pior, me torna sutil.

“ Sou levado a isto!”
Poderia te dizer:

“Corre para cavar com pá, diretamente, tua própria cova, você já era!”
Mas não digo, o que te digo é que apenas sou levado a isto, Artur.

Nem você, nem ninguém, neste momento, teria outro desejo que não este:

tato para uma royal straight flush.
E você tem, para isso, a pele inteira Artur,

e você sabe que é bom nisso.

(...e todas aquelas flores

de seu pequeno ramalhete

murcharão e secarão,

mas ninguém exultará.)

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