Ao meu pai Artur D’Almeida Silva
É, você agora está no lugar do profissional realmente Artur.
E traz na mão esse petit bouquet de flores pretas, douradas e vermelhas.
(Todos pedaços de duques, ternos, quinas , quadras e senas.
Pedaços de circunstâncias.)
(... os números, um a um
vão adquirindo seus sons.
E ele sabe os trunfos, os ases,
os coringas, isto tudo.
E o brag e o pochen e o poque,
ele sabe isto tudo...)
Eu?
Eu espero pelo meu chocolate quente perfumado
por uma outra flor, vanilina.
Também das rainhas o que é que se manifesta?
E dos reis e damas e valetes?
Imponderável severidade é preciso ter para isto:
desmoronar-me o castelo com duas (ou três) cartas.
E há severidade neste lugar para isto, Artur,
mesmo sendo amigo de pessoas de boa consciência?
Testamentos e heranças apanham para sempre
a criança das prostitutas. Seria você uma delas Artur?
Não, não creio. E também você não me melhora em nada,
nem me torna pior, me torna sutil.
“ Sou levado a isto!”
Poderia te dizer:
“Corre para cavar com pá, diretamente, tua própria cova, você já era!”
Mas não digo, o que te digo é que apenas sou levado a isto, Artur.
Nem você, nem ninguém, neste momento, teria outro desejo que não este:
tato para uma royal straight flush.
E você tem, para isso, a pele inteira Artur,
e você sabe que é bom nisso.
(...e todas aquelas flores
de seu pequeno ramalhete
murcharão e secarão,
mas ninguém exultará.)
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