segunda-feira, 16 de julho de 2007

A MIM OCORRE O QUE IGNORO

I

Diante de ti,

a mim ocorre o que ignoro:

que gesto anônimo

(pleno de verdade,

como se de Volpi fora),

concebeu rigoroso e sensual desenho,

onde minhas retinas cansadas

(como as de Drumond)

advinham fragmentos do querer

em tua lúdica geometria lasciva,

lúbrica?

Que mãos luxuriosas

tornearam tua carne:

sinuosas imagens do desejo,

que percebo quelóide em tua pele

de pedra e saibro?

II

Como um Fado às avessas,

ouço o murmúrio de tuas entranhas

inventando e

reinventando o tempo.

Ouço das paredes

(agora, à distância, tão lindas)

complexos cromatismos,

tecidos na anatomia da argamassa

(óleo de baleia e pedra).

De sombra e luz,

o cromatismo do tempo

em prosaica lida.

Resquícios de vida nos teus desvãos.

Arquitetura do tempo.

Diante de ti,

a mim ocorre o que ignoro.

“(...) aquele que constrói

tem mais honra do que a casa.”

Hebreus 3:3

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