segunda-feira, 16 de julho de 2007

BALADA DE PEG – LEG

(... a um certo pintor incerto)

E eu desenhando com violeta genciana

por aí afora.

(meu mundo era violáceo então)

Quando ouvi soar as trombetas

e o povo cantando em coro:

ré, do, la sol(edad).

Como em Jericó,

desaba a igreja que havia lá em Oaxaca.

Observo isto através dos arbustos em Coyoacán.

Ela dominara o medo boêmio dele.

“... que disse na última página do diário?”

Sua mãe, iniciada na cartomancia,

havia lido no tarô (em todas as suas 78 cartas)

que ela - “... com a ajuda de Deus!” - ia descobrir

um meio de continuar por ali ainda algum tempo

e ainda, que dela teríamos pecados (namoros com as amigas)

, e bebedeiras, e xingamentos, e formas, e linhas, e cores.

.

E ela (Magdalena) tornou-se alguém do tipo que sabe manejar

um pincel (ou a pena) como se fosse um sabre, devo lhe dizer.

Primeiro ela (Carmen) pintou lá um animal doméstico,

depois um amuleto fálico

(um falo votivo, alado, como os de Pompéia)

e um boneco idiota, de pele cinza esverdeado,

cheio de alfinetes. Eu observava, de longe, atento,

porém, qualquer um podia entrar e ir direto a ela,

(menos eu, eu não pude entrar.

Eu realmente não era nada então)

E só superava a depressão,

(sempre à porta como sombras saídas da sepultura)

com um longo passeio através dos arbustos em Coyoacán.

Ela sabia: apenas o cheiro forte e impetuoso

do incenso e aventuras poderiam endireitar-lhe os passos,

mas a ninguém dizia nada.

“Onde estão minhas castañuelas?”

Ela colocava um estéreo (“Las mañanitas” ou seria “Puentes de Chihuahua”?)

para rodar na vitrola (a música tomando o ar como incenso)

mas não podia dançar. Simplesmente não conseguia

seguir a extensão dos passos dele,

ele era completamente inútil para ela.

Inútil como um gume sem fio, uma caricia doméstica,

um amuleto de uma antiga civilização.

Dele ela gerou um engano, nada mais,

porém não fez de si um anacoreta,

Agora está lá bordando sua dor, com uma agulha,

em um tecido cinza esverdeado,

como se fosse em sua própria pele.

Já desmantelaram o poncho

ao “Pancho”, ele que sempre fora

um vizinho à porta com aquele seu humor nu.

... não pude entrar

- eu realmente não era nada então -

mas ela era alguém que eu deveria ter conhecido,

e que usava um verdadeiro poncho...

um poncho mexicano.

Todos enlouquecendo e você

com esse vestido de veludo azul

me dizendo (na última página):

Espero alegre a saída e

espero nunca voltar,

nunca pintei sonhos,

só minha própria realidade.’ ”

Oh, tinha ela que se parecer com Frida Kahlo?

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